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Setcemg completa 67 anos com protagonismo no setor

A história do Setcemg se confunde com o desenvolvimento do país e sua atuação é marcada por forte protagonismo. Criado em 3 de outubro de 1953, o Setcemg, agora Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais, foi uma das primeiras entidades de classe do setor a ser criada no Brasil.

A inovação e o protagonismo são características que acompanharam todas as diretorias que estiveram à frente da entidade. Todas elas, a seu modo e tempo, acompanharam e traçaram cenários para apoiar os transportadores em suas necessidades e criar as condições para que seus negócios prosperassem.

O Boletim conversou com o ex-presidente e consultor do Setcemg, Héber Boscoli, que está no setor há quase 60 anos e acompanhou praticamente todos os momentos da entidade nos últimos 50 anos com uma atuação ativa, além de ter sido por longos anos empresário do transporte rodoviário de cargas.

A seguir alguns trechos dessa conversa:

O Transporte Rodoviário de Cargas nasce com a industrialização do país

“O transporte rodoviário de carga  é um setor economicamente muito novo. Tem em torno de 70 anos. Anteriormente, existia o ferroviário e o de cabotagem. A partir do governo do presidente Getúlio Vargas, começou a ter no Brasil uma nova mentalidade econômica com o início da industrialização com a família Matarazzo e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), dentre outras. Antes era apenas um país agrícola com o predomínio do café. Com a industrialização veio, também, a criação dos sindicatos”, conta Héber.

O Setcemg nasceu quase simultaneamente com o transporte rodoviário de cargas, quando iniciou o processo de desenvolvimento do país e da legislação trabalhista e sindical . E a Associação Nacional do Transporte (NTC&Logística), uma entidade civil, foi criada logo em seguida, no dia 17 de setembro de 1963, para dar voz nacional aos anseios da classe, ainda, incipiente.

O setor começa a existir, juntamente com a construção de alguns eixos rodoviários entre São Paulo e Rio de Janeiro, como a Rodovia Dutra, na década de 50.

Com Juscelino Kubistchek, o país dá mais um importante salto em seu desenvolvimento com a implantação da indústria automobilística. “Crescer cinquenta anos em cinco anos, foi o lema do seu governo”, recorda Héber.

Com isso, era preciso construir estradas para os carros passarem e com eles os caminhões. Inicia-se assim a matriz rodoviária que permanece, ainda, nos dias atuais como a responsável por cerca de 60% da movimentação de todas as mercadorias do país.

Atuação do Setcemg para criar novos sindicatos

“Foi a Constituição de 1988, com a definição da autonomia sindical, que possibilitou a criação de vários sindicatos e federações. Assim, cedemos parte de nossa base territorial para a criação dos sindicatos, visando a fundação de uma federação”, detalha.

Até chegar à  Confederação Nacional do transporte (CNT) e do Sest Senat, da forma que é hoje, foi uma longa história que envolveu o trabalho de muitas lideranças abnegadas e sonhadoras, que pensaram em tornar o setor respeitado e forte. Para isso, era necessário a âncora de um sistema social e de capacitação.

O Setcemg, com suas diretorias, esteve à frente, com outras entidades, na fundação de vários sindicatos. Foi a partir dessa ação articulada nacionalmente que criou-se as federações do setor. “Sempre tivemos uma grande interlocução com os outros sindicatos e com a NTC”, explica.

Algumas conquistas que marcaram a atuação do Setcemg
  • Incorporação do ad valorem no frete do transporte rodoviário (advindo do setor ferroviário), na década de 1960;
  • Restrição à entrada de capital externo no setor;
  • Movimento pelo Imposto Único no início dos anos 1990;
  • Criação de uma delegacia especial de roubo de cargas;
  • Primeiro sindicato a  colocar a questão da mobilidade urbana no cenário do transporte. “Participamos ativamente das discussões sobre o veículo urbano de cargas (VUC), contribuindo com trabalhos técnicos que foram fundamentais para definir as dimensões dos veículos”;
  • Definição dos espaços de coleta e entrega no Centro de Belo Horizonte;
  • Atuação junto aos órgãos públicos que definem políticas públicas que interferem no setor de transporte;
  • Pacificação nas relações de trabalho com as negociações coletivas;
  • Pioneiro ao criar o Plano de Saúde integrado à convenção Coletiva de Trabalho.

“Isso significou uma proteção importante para o trabalhador e sua família, pois naquela época não tínhamos o SUS (Sistema Único de Saúde) estruturado como hoje. Muitos sindicatos nos procuram para conhecer nosso plano”, pontua.

  • Lei 11.442/2007 – Lei que dispõe sobre o Transporte Rodoviário de Cargas, um marco para setor que até então não tinha uma legislação própria. Forte atuação do Setcemg em Brasília;
  • 12.619/2012 (posteriormente tornou-se a Lei 13.103/15) – Conhecida como Lei do Descanso que define, entre outros itens, a jornada de trabalho dos motoristas profissionais com consequências positivas para toda sociedade.
Quebra de paradigma

Para Héber, o transporte passará por uma nova mudança de paradigma com a redução dos percursos, a introdução de nova geração de caminhões mais sustentáveis (a Mercedes divulgou, recentemente, o seu caminhão a hidrogênio) e a circulação de mercadorias por drones, dentre outras inovações.

“A matriz de transporte vai ser alterada com as novas tecnologias aplicadas aos veículos e com a retomada, principalmente, do transporte de cabotagem e aéreo. O TRC ficará com os pequenos percursos”.

Héber finalizou a conversa lembrando que “o  transporte continuará a ser essencial na economia e o bem produzido tem valor onde é consumido”. E isso somente o transporte rodoviário de cargas é capaz de fazer.

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