A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou no final de outubro a 23ª edição da Pesquisa CNT Rodovias, na qual a instituição avalia o estado geral das rodovias brasileiras considerando pavimento, sinalização, geometria da via, entre outros aspectos.
Sobre o resultado, como era de se esperar, nenhuma surpresa: o estudo constata piora nas condições das rodovias em todas as características observadas. O estado geral apresenta problemas em 59% da extensão dos trechos avaliados (em 2018, o percentual foi 57%). Também está pior a situação do pavimento (52,4% com problemas, contra 50,9% no ano anterior), da sinalização (48,1% contra 44,7%) e da geometria da via (76,3% contra 75,7%).
É indiscutível que essa situação precisa de atenção e investimento do governo e que seja encarada de forma estratégica para o crescimento econômico. Se a maior parte das nossas rodovias apresenta deficiências, é fato que isso causa reflexos severos no aumento do número de acidentes, roubos de cargas e no custo do transporte. Para se ter uma ideia, devido às condições precárias do pavimento, o custo do transporte rodoviário nas vias mineiras sofre acréscimo de 28,5%. Isso reflete – e muito – na competitividade do Brasil, no preço dos produtos, na economia e na sociedade.
Ainda segundo a pesquisa, para recuperar as rodovias no Brasil, com ações emergenciais de manutenção e de reconstrução, serão necessários R$ 38,60 bilhões. Até setembro, o governo federal havia investido R$ 4,78 bilhões. Escassez de investimentos em infraestrutura, agravado pelo problema de déficit do setor público.
Isso é apenas um lado da realidade econômica que vivemos. Mais do que nunca, o país precisa olhar para a infraestrutura como ela merece, com iniciativa privada e poder público caminhando juntos por mudanças necessárias a fim de levar o Brasil para a frente. (A pesquisa está disponível no site pesquisarodovias.cnt.org.br)
Luciano Medrado – consultor técnico do Setcemg e da Fetcemg