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TRC NA MÍDIA: Interdições do período chuvoso anterior fazem ‘aniversário’ em estradas de MG

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Se em março de 2022 as estradas tinham 100 pontos de interdição, o Estado vai entrar em 2023 com pelo menos 61 pontos prejudicados

Até março deste ano, quando chegava ao fim o período chuvoso 2021/2022, Minas Gerais ainda tinha pelo menos 100 pontos de interdição – total ou parcial – em suas rodovias federais e estaduais. Passados quase um ano, a época de muita água voltou, e, infelizmente, ainda existem 61 pontos com problemas nas estradas que cortam Minas, a maior parte deles remanescentes do período anterior, mas que seguem gerando lentidão e muita dor de cabeça para os milhões de pessoas que usam a malha rodoviária mineira.

Ao todo, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), são três estradas federais com interdições parciais, sendo a BR-262, em Florestal, no Centro-Oeste; a BR-381 em Bela Vista de Minas, na região Central; e a BR-116, em Padre Paraíso, no Norte de Minas. Já nas estradas estaduais, o levantamento da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) aponta para 58 interdições, sendo cinco delas totais e o restante parciais (confira a lista abaixo).

Luciano Medrado, consultor técnico sênior da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg) e do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), acredita que o problema é fruto da falta de investimentos na malha rodoviária mineira, tanto federais e estaduais quanto, em menor escala, municipais.

“Chegamos nas chuvas desse ano sem resolver os problemas do período passado. Infelizmente, a expectativa é que estes problemas piorem ainda mais. Isso compromete o custo do transporte, pois os transportadores têm que andar distâncias maiores nos desvios, temos o tempo de parada em eventuais interdições, então é uma perda generalizada. E quem paga a conta é o consumidor, já que isso tudo implica no aumento do preço de tudo que consumimos”, afirma.

Dono de uma pousada em Pequeri, distrito de Congonhas, na região Central de Minas Gerais, Carlos Antônio dos Reis, de 59 anos, reclama da falta de segurança causada pelo problema na MGC-383, rodovia estadual que conta com duas das cinco interdições totais existentes no Estado.

Segundo ele, o transtorno já dura quase um ano. “Temos que dar uma volta grande e, infelizmente, a outra entrada da cidade é bem mais perigosa. O problema aconteceu no início do ano, com aquela chuvarada e, agora, a chuva voltou e continuamos na mesma. Ouvi falar que a prefeitura ia assumir a obra”, completa.

Dnit ignora questionamentos sobre investimentos

Procurado, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) afirmou, por nota, que, na BR-381 “não há registro de interdições em decorrência da chuva”. A afirmação acontece apesar do “afundamento de pista”, segundo a PRF, existir desde o início do ano. Além disso, o Dnit não respondeu sobre valores a serem investidos nas rodovias federais e nem sobre uma possível previsão na conclusão das obras destes pontos.

O órgão ainda pontuou que a BR-116 está com restrição “apenas no acostamento, sem afetar o fluxo de veículos”, e que o trecho impactado da BR-262 é administrado pela concessionária Triunfo Concebra.

O vendedor Felipe Dias, de 22 anos, vive em Bela Vista de Minas e conta que, apesar de se tratar de uma interdição parcial, sempre há problemas no local onde, segundo o Dnit, “não há interdições”.

“Quando tem feriado, ou no fim de semana, sempre dá uma agarrada. Estamos passando por uma estrada de terra, então sempre diminuimos muito a velocidade, tanto para não levantar poeira, por conta dos moradores próximos, como por conta dos buracos, que estão só aumentando agora com as chuvas. Está demorando muito para resolver este problema. A gente fica na esperança de que vai ficar pronto em algum momento, pois já estão mexendo há um bom tempo. Sem falar que também seguimos aguardando pela duplicação”, reclama.

Na BR-262, próximo de Florestal, o afundamento de pista também tem atrapalhado a vida dos moradores. O balconista Euler Henrique Silva, de 45 anos, diz que, no dia a dia, o trânsito até flui, uma vez que, onde era mão única, estão passando mão e contra-mão.

“Ficou mais perigoso, pois tem um restaurante grande ali que a saída já era perigosa e, agora, com estas obras, ficou pior ainda. Quando a estrada está cheia é que a coisa complica. Acredito que seja por que a Triunfo é uma concessionária pobre. Se fosse maior a obra já tinha terminado. Estão há quase um ano mexendo ali”, protesta.

75% das estradas mineiras têm problemas

Em novembro deste ano a Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou a sua pesquisa de Rodovias 2022, que apontou um dado preocupante sobre a malha mineira. Segundo estudo, mais de 75% das rodovias têm algum tipo de problema, sendo que foram avaliados 15,256 mil km de estradas e apenas 23,2% delas recebeu as notas boa e ótima.

“Se você observar o último estudo da CNT, ele mostra que houve uma piora na qualidade das estradas de Minas e do Brasil, e que é um problema decorrente de falta de investimento dos governos federal e estadual, que investiram pouco na manutenção das estradas. Agora, com a mudança de governo, vamos ter que aguardar, mas a CNT está conversando e já colocou suas prioridades para a equipe de transição”, completou Luciano Medrado, consultor técnico sênior da Fetcemg e do Setcemg.

A pesquisa da CNT indicou ainda que as condições das estradas em Minas gerou uma alta de 40,6% nos custos do transporte. O levantamento apontou que esse aumento dos custos é maior em Minas Gerais do que a média nacional. Em todo o Brasil, a alta é de 33,1%.

DER-MG

Ao O TEMPO, o Governo de Minas, por meio do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), disse que “monitora constantemente as rodovias estaduais” e que “atua para que todos os problemas sejam resolvidos no menor tempo possível, de acordo com o grau de complexidade de cada interdição”.

Segundo a autarquia, “antes de todo o período chuvoso, medidas preventivas como verificação dos sistemas de drenagem, limpeza de caneletas, além de outras ações pouco percebidas pelos usuários, são realizadas pelas 40 regionais do departamento”.

Além disso, citou que o Estado investiu cerca de R$ 200 milhões em 2019 e 2020 na manutenção da malha rodoviária. Em 2021, aproximadamente, R$ 300 milhões e, neste ano, afirma que o investimento foi dobrado para mais de 600 milhões.

“Para o próximo ano, confirmados os investimentos provenientes dos recursos de reparação ambiental, a perspectiva é que sejam aplicados R$ 1,5 bi em recuperação e manutenção de rodovias. Dando prosseguimento ao Provias, a meta para os próximos anos é recapearmos cerca de 10 mil km de rodovias”, disse.

“No último período chuvoso Minas Gerais teve 176 rodovias afetadas, com problemas em 914 pontos dos quais apenas 56 ainda registram problemas. Isso demonstra que mais de 90% das ocorrências relativas às chuvas do último ano foram completamente resolvidas no curto prazo. É importante ressaltar que antes de todo o período chuvoso, medidas preventivas como verificação dos sistemas de drenagem, limpeza de caneletas, além de outras ações pouco percebidas pelos usuários, são realizadas pelas 40 regionais do departamento”, afirmou a nota.

Fonte: O Tempo – 16/12/2022

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