Para quem segue de Minas Gerais em direção ao Espírito Santo, vencidos os riscos da Rodovia da Morte – a BR-381 entre Belo Horizonte e João Monlevade – a BR-262 rumo ao litoral revela novos desafios: falta de conservação do pavimento, histórico de quedas de barreiras e muitos acidentes. Mas é depois da rodovia em Minas Gerais que o perigo pode se tornar ainda maior, uma vez que mesmo em condições ruins, o trecho mineiro, com 11 mortes nos recessos de dezembro e janeiro, se mostra menos violento do que o capixaba, com 18 vítimas, como mostra levantamento da reportagem do Estado de Minas considerando o período de 20 de dezembro a 31 de janeiro em cinco anos, de 2019 a 2023.
Já no sentido oposto da BR-262, rumo ao Triângulo Mineiro, onde há pedágio e conservação, o motorista se expõe a menos riscos, ainda que eles existam e não sejam poucos. Para identificar os segmentos que exigem maior atenção nessa estrada que corta Minas Gerais de Leste a Oeste, a equipe do EM criou elaborou informações, com base em dados oficiais, que podem ajudar no planejamento dos motoristas mineiros durante o período de movimento intensificado pelas festas e recesso próximos.
Com base em informações de estatísticas da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e de concessionárias dos trechos pedagiados, o levantamento do EM aponta os principais fatores que têm impacto na segurança viária, como chuvas e condições do pavimento, além de pontos críticos para risco de acidentes.
Nos 230 quilômetros entre João Monlevade e Martins Soares, foram 125 acidentes, 11 mortes e 187 feridos no trecho mineiro durante o período analisado, sobretudo devido à alta velocidade em acidentes que resultaram em colisões frontais, transversais e saídas de pista.
Os trechos mais perigosos
Nesse percurso, Manhuaçu é o município que tem os pontos mais críticos, concentrando 61 acidentes, quatro mortes e 76 pessoas feridas. Abre Campo, Matipó e São Domingos do Prata têm duas mortes, cada, no período. Uma pessoa também morreu em Reduto nesses últimos cinco anos avaliados.
Entre os trechos com mais acidentes está a área urbana de João Monlevade e o Km 148, perto da ponte sobre o Rio Doce, em São Domingos do Prata. Nesse local, antes da travessia, foram registrados dois acidentes no segmento de mil metros, envolvendo cinco carros, deixando uma pessoa morta e três feridas.
João Monlevade é a partida para a BR-262, assim como o é para seguir na BR-381. Lá, os problemas começam com o intenso tráfego urbano, com travessias de pedestres e veículos rumo a destinos locais transitando entre acessos e encontrando viajantes de ritmos diferentes. A manutenção do pavimento é um obstáculo ainda mais grave com o tráfego ampliado e as chuvas.
Passadas as margens do Rio José Pedro, se inicia em Pequiá a travessia da BR-262 em território do estado do Espírito Santo, por pelo menos mais 200 quilômetros até Vitória ou vias que levam a outros destinos, como Guarapari. Uma estrada que registrou, de 20 de dezembro a 31 de janeiro dos últimos cinco anos, um total de 204 acidentes, com 18 mortes e 259 feridos, mostrando-se mais mortal do que o trecho mineiro da BR-262.
Marechal Floriano, com o registro de 24 acidentes foi o município com mais mortes nesse segmento, com seis óbitos e um total de 31 feridos. As armadilhas do trecho se traduziram em acidentes sobretudo em condições de alta velocidade, sendo as colisões frontais o tipo de desastre mais frequente.
Na região, o município de Domingos Martins vem em seguida, com um total superior de acidentes (39 registros), resultando em quatro mortes e 57 feridos. As principais causas são a exaustão ou as noites de pouco sono que levam os motoristas a dormir ao volante. Os acidentes registrados com mais frequência foram colisões contra objetos ou obstáculos.