Por Herbert Kaiser e Carlos Augusto Silveira (Fabet)
Sem dúvidas que a empresa de transporte competitiva é aquela que consegue se destacar no mercado de transporte, superando fortemente seus concorrentes. Para isso, a empresa precisa melhorar continuamente para ganhar relevância e rentabilidade. Várias são as estratégias que podem auxiliar a empresa a alcançar competitividade, como:
• Oferecer serviços de melhor qualidade,
• Ter preços mais baixos,
• Melhorar as condições de pagamento,
• Prever as demandas do mercado,
• Ter uma visão estratégica,
• Gerenciar a cadeia de suprimentos do cliente – embarcador,
• Usar da tecnologia da informação.
Oferecer preços mais baixos exige uma série de avaliações, e uma ferramenta que pode contribuir sensivelmente é o uso de metodologias não-convencionais para mensuração de custos e formação do valor do frete rodoviário.
Como transformar custos, despesas, impostos, comissão e lucro em valor de frete rodoviário (receita)
Vamos denotar a equação que possui a capacidade de transformar custos, despesas, comissão, impostos e lucro em valor de frete, e que este frete seja rentável e lucrativo. Vamos lá!
Frete da viagem é o somatório dos custos da viagem (custos fixos, custos variáveis, seguro da carga, carga e descarga, taxas, etc) com as despesas, impostos e comissão em relação ao valor do frete que se deseja, e mais a taxa de lucratividade em relação ao valor do frete. Portanto:
𝐹𝑅𝑉𝐺 = 𝐶𝑉𝐺 + 𝑂𝐷𝑉𝐺 + (%𝐼𝐹𝑅𝑉𝑉 + %𝐷𝐹𝑅𝑉𝐺 + %𝐶𝐹𝑅𝐺𝑉 + %𝐿𝐹𝑅𝑉𝐺)
Como desejamos identificar o valor do frete da viagem (FRVG), passamos para o lado esquerdo da inequação, os termos ou parcelas que incidem sobre o valor do frete da viagem, ou seja: Impostos, despesas, comissão e lucro. Logo,
F𝑅𝑉𝐺 − %𝐼𝐹𝑅𝑉𝐺 − %𝐷𝐹𝑅𝑉𝐺 − %𝐶𝐹𝑅𝑉𝐺𝑥 − % 𝐿𝐹𝑅𝑉𝐺 = CVG + ODVG
Colocando o termo FRVG em evidência, temos,
𝐹𝑅𝑉𝐺(1 − %𝐼 − %𝐷 − %𝐶 − %𝐿) = 𝐶𝑉𝐺 + 𝑂𝐷𝑉𝐺
Vamos agora definir o que é o transporte rodoviário de cargas. Temos duas abordagens interessantes:
1ª abordagem: o transporte rodoviário de cargas é a combinação entre o caminhão, o motorista e a carga.
• O caminhão é a máquina concebida para o deslocamento de cargas e pessoas. Apresenta uma série de características próprias,
tais como: valor; vida útil; potência; consumo; dimensão; capacidade; tipo de tração; tipo de pneus; custos fixos e custos variáveis; etc
• O motorista é a pessoa que conduz um veículo motorizado (automóvel, caminhão, etc.)
• A carga é aquilo que é ou pode ser transportado ou suportado por pessoa, animal, veículo, aparelho, estrutura etc.
2ª abordagem: O transporte rodoviário de cargas envolve três grandes momentos: a negociação, a programação e a operação.
• Negociação: Transportadora e o embarcador acertam as “REGRAS DO JOGO”. O que transportar; como manusear e transportar; local de coleta e entrega da carga; prazos de coleta e entrega; valor dos serviços; prazo de pagamento; penalidades, etc.
• Programação: O cliente solicita o transporte (veículos), agendando a coleta e a entrega da carga, bem como o tipo e volume de carga a ser embarcada e transportada. A transportadora por sua vez aloca o caminhão e o motorista para atender à solicitação do cliente.
• Operação: atividade que pode absorver até 75% da receita bruta do valor do frete. É durante a operação que ocorrem acidentes, furtos/roubos de cargas, o motorista deve cumprir jornada de descanso, etc.
A operação envolve as seguintes atividades: a – deslocar o caminhão até o local para carregamento; b – aguardar e carregar o caminhão no local de origem; c – preparar a viagem, d – viajar, e – descansar, f – aguardar e descarregar no local de destino.
Vimos anteriormente que os custos fixos são alocados em função do tempo, e que os custos variáveis são alocados em função da distância (espaço). Sendo assim, podemos denotar a equação que dimensiona o valor do frete da viagem em função dos custos para realizar as atividades de deslocar, aguardar e carregar, preparar a viagem, viajar, descansar e aguardar e descarregar, e também a carga tributária, despesas, comissão e a taxa de lucro desejada.
Sendo,
tDL = tempo de deslocamento até o local de carregamento (em horas);
CF =custos fixos (R$ por mês);
Β = taxa de utilização do veículo;
HD = horas disponíveis do veículo no mês;
tAC = tempo para agudar e carregar (em horas);tP = tempo para preparação início da viagem (em horas);
tAD = tempo para aguardar e descarregar (em horas);
tDE = tempo descanso do motorista (em horas);Cv = custos variáveis (R$/km);
KmDL = distância em km de deslocamento do caminhão até o local para carregamento;
KmV = distância em km do local de carregamento até o local de destino (entrega da carga).
ODVG = ouras despesas envolvidas na viagem (pedágio, seguro da carga, carga e descarga, etc)
%I = carga tributária em relação ao valor do frete com aproveitamento de créditos tributários;
%D = despesas em relação ao valor do frete;
%C = comissão em relação ao valor do frete;
%L = taxa de lucro desejado.
Para assimilarmos a equação, vamos ao exemplo: Qual o valor do frete para a seguinte operação de transporte:
1 – Tipo caminhão: cavalo mecânico trucado com semi-reboque carga seca 3 eixos
2 – Estrutura de custos: Fixos = R$ 30.000,00 e Variáveis =R$ 4,00/KM
3 – Taxa de utilização do veículo no mês = 80% para 29 dias disponíveis no mês (1 dia parado para manutenção)
4 – Perfil da carga: 27 toneladas no valor de R$ 300.000,00 – prêmio seguro de 0,25%
5 – Ciclo da viagem:
• Deslocamento do caminhão = 100 Km – 2 horas de viagem
• Aguardar e carregar = 8 horas
• Viajar = 600 Km com velocidade média de 60 Km/hora = 10 horas
• Descanso do motorista = 12 horas
• Aguardar e descarregar = 5 horas
• Outros gastos da viagem: pedágio no valor de R$ 150,00 e despesas com carga e descarga de R$ 500,00.
• Carga tributária = 15%
• Despesas = 5%
• Comissão = 2%
• Lucro = 10%
Na tabela a seguir apresenta-se os resultados. Observar que o caminhão fica parado para viagem 25 horas (67% do tempo total da viagem de 37 horas), absorvendo 22% do valor do frete rodoviário – receita).
A gestão de custos no transporte rodoviário de cargas é uma viagem fascinante. O setor de inteligência empresarial, também conhecido como Business Intelligence (BI), ajuda as organizações a tomar decisões baseadas em dados. Para isso, ele combina análise empresarial, mineração de dados, visualização de dados, e outras ferramentas. A inteligência empresarial permite que as empresas:
• Identifiquem tendências e oportunidades de mercado,
• Monitorem o desempenho da organização em tempo real,
• Otimizem a alocação de recursos,
• Antecipem tendências de mercado e ajustem seus planejamentos estratégicos,
• Identifiquem forças e fraquezas da companhia,
• Monitorem os stakeholders para antecipação de ameaças à organização,
Certamente que o BI é mais efetivo quando combina dados internos e externos da empresa. Os dados externos podem fornecer um cenário mais completo, criando uma “inteligência” que não pode ser derivada por nenhum conjunto de dados. Gestor de transporte e frotas: se você tiver interesse, firmeza de propósito, força e coragem, você pode se transformar num cientista de dados TOP das Galáxias. É só querer.
O cientista de dados é um profissional que analisa grandes quantidades de dados para identificar padrões, tendências e insights. Ele usa esses dados para orientar decisões estratégicas e resolver problemas complexos. Saiba quais são as principais funções de um cientista de dados:
• Coletar, limpar e organizar dados
• Aplicar técnicas estatísticas e algoritmos de aprendizado de máquina
• Criar gráficos, relatórios e painéis interativos
• Aplicar técnicas de inteligência artificial para criar modelos preditivos
• Comunicar os resultados para os líderes de negócios e pares.
Victor Hugo falou, eu acessei e transcrevo: “O futuro tem muitos nomes. Para os fracos é o inalcançável. Para os temerosos, o desconhecido. Para os valentes é a oportunidade”.