Encontro em Brasília reuniu lideranças para tratar de integração, financiamento e soluções sustentáveis no transporte coletivo
A mobilidade urbana como eixo estruturante do desenvolvimento foi destaque no Conexão ANPTrilhos 2025 – Mobilidade Estruturante 2025, realizado em Brasília, nessa quarta-feira (27), pela ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos). O evento reuniu autoridades dos governos federal, estadual e municipal, além de lideranças do setor, investidores e representantes da indústria, para discutir soluções integradas e sustentáveis para o transporte público de passageiros no Brasil.
O Sistema Transporte foi um dos apoiadores institucionais do encontro. Para o presidente Vander Costa, a iniciativa é fundamental para fortalecer o debate sobre políticas públicas voltadas à mobilidade urbana e ao transporte sobre trilhos. “Eventos desse porte ampliam o diálogo entre os setores público e privado e contribuem para a construção de soluções inovadoras para os desafios da mobilidade. É essencial que o transporte coletivo esteja no centro das decisões estratégicas do país”, afirmou.
Na abertura, foram discutidos os desafios e as oportunidades da mobilidade urbana no Brasil, com destaque para a integração entre modais e a modernização da infraestrutura ferroviária. Também foram ressaltados a baixa execução de projetos, a desigualdade regional nos investimentos, a necessidade de segurança jurídica para atrair capital privado e o papel das parcerias público-privadas. A mensagem central foi clara: o transporte coletivo sobre trilhos deve ser tratado como política pública prioritária, capaz de promover inclusão, eficiência e sustentabilidade nas cidades.
O presidente da Seção de Transporte Ferroviário de Cargas e de Passageiros da CNT e do Conselho da ANPTrilhos, Joubert Flores, destacou que a mobilidade sobre trilhos é uma solução para os desafios urbanos. Apesar da urbanização, o Brasil ainda enfrenta limitações históricas nas ferrovias. Ele ressaltou a importância de financiamento, atualização tecnológica e tarifas que garantam sustentabilidade e acesso universal. Para isso, salientou o papel da ANPTrilhos na articulação de projetos estruturantes.
Já a diretora executiva da ANPTrilhos, Ana Patrizia, destacou a urgência de repensar a mobilidade urbana e os impactos dos congestionamentos: “Quando a mobilidade não está bem desenvolvida, deteriora a qualidade de vida, encarece o custo de vida e compromete a competitividade do país”. Ela citou a defasagem da malha ferroviária – 5,2 km por milhão de habitantes – e os benefícios atuais: “Evitamos 2,9 milhões de toneladas de poluentes, poupamos 1,2 bilhão de litros de combustíveis fósseis e devolvemos 1,9 bilhão de horas à população”.
Transporte regional
O painel Transporte Ferroviário Regional de Passageiros, realizado no Conexão ANPTrilhos 2025, reuniu representantes do governo federal e dos estados e especialistas para discutir os desafios da retomada do transporte de passageiros no Brasil. A diretora executiva interina da CNT, Fernanda Rezende, que moderou o debate, destacou o papel estratégico das ferrovias para a mobilidade e a importância da articulação federativa. “A criação de autoridades metropolitanas e a integração entre modais são essenciais para destravar investimentos”, afirmou.
O chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário, Jefferson Vasconcelos, apresentou projetos em andamento e defendeu o reaproveitamento de ativos desativados. Segundo ele, “o tempo é um fator decisivo para o cidadão e para o governo; e a coordenação interfederativa é essencial para garantir diretrizes claras e atuação conjunta entre estados e municípios”.
O secretário de Infraestrutura de Minas Gerais, Pedro Bruno Barros de Souza, relatou os avanços na expansão do metrô de Belo Horizonte, que adicionará 13 km e nove estações, superando entraves como remoções em faixa de domínio e garantindo a integração com sistemas municipais.
O diretor-presidente da Artesp, André Isper, ressaltou o papel da agência como reguladora do transporte de passageiros, garantindo segurança jurídica e enfrentando os desafios da coordenação entre operadores. “Com a proliferação de operadores, cresce a necessidade de articulação. Esse é um papel que a agência precisa aprender a exercer com responsabilidade”, afirmou.
Já o especialista da FGV (Fundação Getulio Vargas), Ciro Biderman, apresentou dados sobre a queda no uso do transporte coletivo e defendeu melhorias na qualidade, integração tarifária e bilhetagem independente como fatores essenciais para reconquistar passageiros.