Nosso setor vive momentos complicados: pressão constante para a redução de fretes por parte dos embarcadores, crescente aumento dos custos diretos, prazos excessivos e investimentos cada dia maiores e mais caros.
Temos ainda a inclusão de vários custos e exigências que não compunham nossas planilhas de custo, além de uma concorrência desesperada por faturamento e sustentação de vaidades, que dão força e tranquilidade aos negociadores de fretes. A consequência é o desgaste e o enfraquecimento de nosso setor.
Transporte é custo, principalmente nos produtos de baixo valor agregado, e a transportadora que não se preocupar em ser competitiva nos custos e na qualidade, precificando corretamente o serviço e considerando todas as variáveis e fatores que afetam sua produtividade, não sobreviverá, e levará com ela as empresas que disputam clientes ou faturamento sem praticar seus custos reais.
Prejuízo nunca pagou suas contas. Vender ativos para honrar compromissos é o início do fim, reduz o patrimônio, enfraquece sua empresa e, no final, só quem sai ganhando são os embarcadores e seus fornecedores. Fazendo isso, está só postergando o efeito, adiando a solução da causa, mas é certo que está prejudicando todo o sistema de transporte, expondo a falta de capacidade e investimentos, baixa qualidade e a insegurança na sua execução.
A sindicalização, o associativismo e as câmaras setoriais são apenas alguns dos caminhos para a profissionalização, para a capacitação em formar preços justos e planejar sua empresa para o futuro, sem entrar nessas disputas suicidas. Além disso, possibilitam que possamos trocar informações e ideias e, principalmente, aprender com os que estão tendo bons resultados.
A essência de nosso negócio é ter lucro, cobrir os custos e formar patrimônio, poder renovar nossos equipamentos e planejar nosso crescimento com sustentabilidade e consistência. Mas sozinhos não conseguiremos; temos de criar parcerias e uma concorrência construtiva, nivelada por cima e forte. Só assim conseguiremos ter argumentos para discutir de igual para igual com nossos contratantes e cobrar fretes condizentes com o serviço que prestamos.
Transportador, não se entregue a esta política suicida de aceitar fretes propostos sem a mínima coerência, ou dar descontos aleatórios apenas para pegar o serviço. Faça as contas, crie e forme seus próprios preços, avalie o tanto de capital financeiro e humano que você está colocando no seu negócio, avalie os riscos envolvidos e o que acontece à sua volta. Seu frete tem que cobrir seus custos e dar lucro.
A história nos confirma que, sem resultados e sem um cuidado permanente com os custos, as empresas padecem, independentemente do tamanho que alcançaram. São várias as transportadoras que desapareceram nos últimos 20 anos, e garanto que todos nós temos alguma como exemplo do que não devemos fazer.
Valorizem o que fazemos! Somos muito importantes para a economia e o desenvolvimento do país e peça essencial para que nossos clientes concretizem suas vendas. Além disso, somos o único modal possível e essencial para levar alimento e escoar a produção dos pontos mais distantes e de difícil acesso.
Não tenha vergonha de cobrar o frete justo pelo serviço que presta.
Setcemg