Silva Junior avalia que ainda é cedo para mensurar os impactos das tarifas, mas acredita que haverá um efeito em cascata, progressivo. “Estamos num momento de incertezas”, afirma.
O presidente do Setcemg observa que o minério de ferro, commodity importante para o segmento de cargas do Estado, foi um dos produtos isentos da taxação adicional. No entanto, o mesmo não aconteceu com o café, que é um produto relevante exportado pelo Estado, e que segue tarifado, o que preocupa o setor.
Conforme levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), divulgado nesta semana, 63% da pauta mineira permanece sujeita à tarifa do governo dos Estados Unidos. Em 2024, o café foi responsável por cerca de 33% do total exportado por Minas Gerais para o país norte-americano.
De acordo com a entidade, no curto prazo, o tarifaço pode provocar impacto negativo de R$ 4,7 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) real mineiro, chegando a uma perda de R$ 15,8 bilhões no longo prazo.
Além dos prejuízos para as empresas que dependem do transporte de cargas, Silva Junior alerta para eventuais reflexos na economia nacional caso o governo brasileiro adote medidas retaliatórias com base na Lei da Reciprocidade.
De toda forma, nesta quarta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que não pretende anunciar tarifas recíprocas e que não vai desistir das negociações comerciais, mesmo admitindo que não há, no momento, interlocução. De acordo com o chefe do Executivo brasileiro, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) está tentando negociar, assim como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Para além do tarifaço, o presidente do Setcemg lembra que o setor enfrenta um cenário negativo, marcado por aumento de custos, mão de obra cara e escassa e juros altos, fatores que estão refletindo na redução da receita e das margens na atividade.
Assim, ele estima que a receita do setor no Estado tenha apresentado recuo de 10% a 15% no primeiro semestre deste ano frente ao mesmo período de 2024. Mas garante que “apesar de todas as dificuldades, o setor segue resiliente”.