Muita calma, além de freios e amortecedores em dia, são essenciais para quem vai encarar a rodovia, de BH ao ES
Nada menos do que 41,5% do pavimento de pistas simples e sinuosas da BR-262, no sentido de Belo Horizonte às praias do Espírito Santo, é considerado ruim ou péssimo pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). É o lado pior da rodovia, que também não está nas melhores condições para quem tomará o seu trecho oposto, com destino ao Triângulo. Buracos, asfalto completamente degradado e remendos que lembram quebra-molas exigirão dos sistemas de amortecimento e da calma dos motoristas que vão percorrer a estrada no recesso de fim de ano e réveillon 2022, após dois anos de restrições e afastamento social devido à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), aproveitando o momento de forte redução de vítimas em decorrência da vacinação. Desde domingo, o Estado de Minas traz uma série de reportagens sobre as condições das estradas para auxiliar na segurança dos viajantes, já tendo sido contempladas as rodovias BR-381 e BR-040.
Mas é incomparável a situação precária do trecho de BH ao Espírito Santo, apto a ser concedido à iniciativa privada em fevereiro de 2022, com os problemas pontuais do segmento da capital mineira ao Triângulo. “Em Minas Gerais, a estrada que vai para Vitória acabou, não tem mais a mínima condição de rodar com dignidade. Poucas estradas importantes como essa estão em um estado tão deplorável. Ali já está tendo é de fazer outra (rodovia)”, disse o caminhoneiro paulista de Birigui Deivid Souza Lima, de 28 anos, há oito pelas estradas brasileiras. “Do outro lado, para o Triângulo, o asfalto e a sinalização são melhores, mas há lugares de serra e de curvas muito fechadas. Depois, as retas começam e a pessoa relaxa, acelera e ganha confiança, mas perde a noção de freada e de ultrapassagem. Muita gente quer viajar à noite, quando é pior”, pontua.
Segundo o Dnit, de BH a Vitória são 79 quilômetros considerados péssimos, 80 qualificados como ruins, 150 estariam regulares e 78,5 bons. A reportagem produziu um levantamento sobre as condições da rodovia por meio de informações da ANTT, Dnit e Waze. A viagem começa pela chamada Rodovia da Morte, entre BH e João Monlevade, sendo que o trecho dentro da cidade apresenta buracos na altura do Bairro Cruzeiro Celeste. Cerca de três quilômetros adiante, no sentido Nova Era, o asfalto também se encontra muito desgastado, com trincas e buracos.
Um longo trecho de 11 quilômetros da BR-262 submete o motorista a obstáculos e à dança dos caminhões e veículos na contramão para tentar desvios e não danificar pneus, rodas e suspensão. Esse segmento fica em São Domingos do Prata, na Região Central, próximo ao acesso para a cidade pela rodovia LMG-820 e antes da MG-120, que também leva à cidade. Esse é só um prelúdio de muitos buracos testando paciência, habilidade e frieza dos motoristas. Do Km 163 em diante, por mais 78 quilômetros, os trechos de buracos, asfalto degradado, trincado e com remendos altos seguem até o Km 85, passando por São Domingos da Prata, Rio Casca, Santo Antônio do Grama e Abre Campo.
Adiante, mais buracos infestam o trecho de 51 quilômetros entre o Km 60, em Manhuaçu, e o Km 9, em Martim Soares. A qualidade do asfalto melhora no Espírito Santo, mas o motorista precisa tomar mais cuidado e ter atenção com o alto fluxo de veículos nas regiões urbanas da Grande Vitória e com a descida da serra, por ser sinuosa e ter problemas de visibilidade com chuvas e neblina, a depender do horário.
No sentido do Triângulo, já na Grande BH, o motorista enfrenta tráfego intenso, sendo que entre Betim e Juatuba há 8 quilômetros de asfalto degradado, com trincas e buracos entre remendos altos feitos no pavimento. Muitas estradas que ligam a BR-262 a destinos do interior também estão em estado ruim. No Centro-Oeste, em Moema, o entroncamento com a MG-170 apresenta asfalto ruim e buracos na estrada estadual, que faz acesso para Moema e Lagoa da Prata. Em Ibiá, no Alto Paranaíba, na entrada do distrito de Tobati e no Km 618 da rodovia, o asfalto está degradado, com buracos, trincas e remendos altos. A área é plana, mas de pista única nos dois sentidos.
Ainda em Ibiá, os problemas estão bem na entrada da cidade, no entroncamento da BR-262 com a MG-187 e percurso até a área urbana do município, pela estrada estadual com asfalto em condições ruins e buracos. Em Araxá, na mesma região, do trecho urbano até o acesso a Perdizes, também no Alto Paranaíba, são 40 quilômetros com sucessões de segmentos com asfalto desgastado, remendos e buracos que demandam a atenção dos motoristas em pistas simples e planas.
Fonte: Estado de Minas