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ENGENHARIA HOJE | Projeto deve reduzir em 60% tráfego no atual Anel Rodoviário de Belo Horizonte

O Anel Rodoviário de Belo Horizonte tem duas faces. Uma é visível, que está no noticiário de todos os dias. É a dos acidentes, das famílias enlutadas, do trânsito caótico nos horários de pico. A outra é invisível. É a do aumento do tempo de viagem, do gasto a mais com combustível e com pneus; é o lado invisível do aumento do custo do frete.

Porém, essas duas faces vão deixar de existir com a construção do Rodoanel Metropolitano, a mais importante obra viária a ser realizada na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) desde 1973, quando a RMBH foi instituída.

Da mesma forma que o atual Anel Rodoviário foi uma rodovia de contorno de Belo Horizonte, nos anos de 1950, quando foi construído, o Rodoanel também será. Só que passando por 15 municípios a uma distância de média de 40 quilômetros da Capital.

A obra está orçada em R$ 4,5 bilhões, dos quais R$ 3,5 bilhões serão custeados com recursos da compensação ambiental paga pela mineradora Vale pelo rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho. O restante R$ 1 bilhão virá da cobrança de pedágio, que será feita por um sistema eletrônico, sem que haja a necessidade da construção de praças de pedágio e com o usuário pagando apenas pelo trecho que percorreu na via. A previsão da secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade é que as obras comecem em março de 2023.

Missão cumprida – Para o engenheiro civil Paulo Resende, professor da Fundação Dom Cabral (FDC), o Anel Rodoviário atual cumpriu muito bem a função que tinha quando foi concebido, mas acabou sendo superado pelo tempo, pois a Capital cresceu e praticamente engoliu o projeto original.

“A concepção era muito boa”, afirma Paulo Resende, ao destacar o pioneirismo do projeto no País, implementado quando não havia os anéis nem da cidade de São Paulo, nem do Rio de Janeiro.

Porém, hoje, trata-se de uma via que ficou ultrapassada em relação aos seus objetivos iniciais, pois mistura movimentos de tráfego interestaduais, provenientes de algumas das principais rodovias federais do País, com dinâmicas interurbanas, dos municípios da própria RMBH.

De acordo com Paulo Resende, dos veículos que trafegam diariamente pelo Anel, 60% não têm relação alguma com a RMBH, mas apenas passam por ela para chegarem ao seu destino final. Daí, segundo ele, a necessidade urgente de se fazer a separação do tráfego interestadual, de longa distância, do tráfego interurbano e local, medida indispensável, reforça Paulo Resende, para que deixe de existir a face visível de ser, o atual Anel, um dos 10 trechos rodoviários com mais perigosos do País, considerando o número de mortos e o volume de tráfego.

Idêntica opinião tem o economista Luciano Medrado, consultor sênior da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Minas Gerais (Fetcemg) e do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg). Para ele, o atual Anel é uma rodovia “altamente inadequada” para a função que deveria exercer, que é a de conectar as BRs que cortam a capital do Estado.

Custo – Além do elevado número de acidentes, outro fator que, de acordo com Luciano Medrado, justifica a construção do Rodoanel Metropolitano, é a necessidade de se reduzir o custo do transporte.

A estimativa das duas entidades, que reúnem cerca de 2 mil empresas no Estado, é que a nova via propicie um ganho de produtividade estimado em cerca de 30% a 40% em função da redução do tempo de viagem, da economia de combustível e do gasto com pneus. Em um ano, trata-se, segundo Luciano Medrado, de uma economia significativa para as empresas.

Em relação aos mortos, ele acrescenta, na composição da face invisível do atual Anel, a sobrecarga que causa ao sistema público de saúde, na medida em que é uma das vias de tráfego mais perigosas do País.

Para Luciano Medrado, da forma como está concebido, o projeto atende às necessidades dos usuários, devendo algumas imperfeições que porventura existirem, ser corrigidas durante a fase atual, de consulta pública, a que está submetido o projeto.

Nessa etapa, acredita Luciano Medrado, novas sugestões para o seu aprimoramento deverão surgir. A consulta pública está aberta até o dia 22 de março no site da secretaria de Infraestrutura e Mobilidade, em www.infraestrutura.mg.gov.br.

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