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Ao menos um caso de dengue é registrado por minuto em Minas

De janeiro a 18 de novembro deste ano, foram 484,7 mil registros da doença no Estado

Por minuto, em média, um caso de dengue é registrado em Minas Gerais. A cada dois dias, um paciente morre em decorrência da doença. Os números, contabilizados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) entre 1° de janeiro e 18 de novembro deste ano, são resultado da segunda pior epidemia de dengue da história.

Ao todo, 484,7 mil casos prováveis – diagnósticos suspeitos e confirmados – da enfermidade já foram registrados no território mineiro em 2019, com 153 óbitos em 47 municípios. O índice se aproxima do balanço de 2016 (ano todo), que teve 517,8 mil ocorrências, o maior número já contabilizado.

Em um ano atípico, em que os meses de abril a outubro tiveram os piores índices de contaminação desde 2010, o subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado, Dario Brock Ramalho, admitiu ontem, durante o lançamento da nova campanha de combate à dengue, que Minas não tem ferramentas eficazes para eliminar do meio urbano o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.

O último balanço divulgado pela SES, no início desta semana, aponta que a dengue fez o maior número de vítimas entre janeiro e junho, mas manteve índices de contaminação acima da média nos meses seguintes. Em outubro, por exemplo, foram registrados 1.687 casos prováveis da doença, enquanto, no mesmo período de 2016 – ano da pior epidemia da história –, foram 725 diagnósticos.

A explicação para os números pode estar na reintrodução do sorotipo Den-2, que não circulava no Estado há anos, conforme esclarece o médico e diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Starling. “Uma infestação alta de mosquitos e a presença de um vírus diferente em um local onde a população não tem imunidade é a combinação perfeita para uma epidemia”, explicou o especialista.

Ações

Sem encontrar soluções efetivas para eliminar de vez o Aedes aegypti, o subsecretário de Vigilância em Saúde de Minas disse ontem que o Estado terá de aprender a conviver com o mosquito. “A gente não para de falar de dengue porque não temos ferramentas que consigam resolver (o problema)”, declarou Ramalho.

Segundo ele, além das campanhas anuais de conscientização dos moradores, Minas tem buscado estratégias de médio e longo prazo que possam impedir a ocorrência de novas epidemias. Entre os planos, ele citou o desenvolvimento de vacinas e o uso da Wolbachia, bactéria que, segundo pesquisas científicas, pode reduzir a capacidade de o Aedes transmitir os vírus da dengue, da zika e da chikungunya.

Enquanto isso não acontece, a população deve ficar alerta. “A ocorrência de dengue deve continuar alta em 2020 porque o Den-2 ainda pode dar muito trabalho”, concluiu Starling.

“Responsabilizar a população não é digno”, diz especialista

Para evitar novas epidemias, o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Starling, avalia que é preciso mais esforço por parte do poder público. “Responsabilizar a população pela catástrofe não é uma coisa muito digna. O melhor é admitir que o problema é complexo e que se precisa de mais investimentos”, considera o especialista.

Starling comenta que apostar em novas tecnologias, como a modificação de mosquitos, é importante, mas pondera que é necessário atenção do Estado aos problemas sociais. “As pessoas têm focos do mosquito em casa não apenas porque elas querem. Às vezes, elas moram em lugares onde a coleta de lixo é ineficiente, onde a infraestrutura urbana não chega”, aponta o infectologista.

Fonte: O Tempo

Foto: Venilton Kuchler/ANPr

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